domingo, 20 de março de 2011

Demitir treinadores. Certo ou errado?

Alex Ferguson teve início ruim, mas deu no que deu.

Muito se discute sobre a importância de um técnico no futebol. Muitos pensam que os treinadores não são de suma importância para a glória dos times. Mas eles são, sim, importantes e, talvez, a mais importante das peças para o sucesso no esporte (não só no futebol).

O fato é que em muitos países a troca de treinadores é constante, e em muitos casos precoces. Vemos no nosso país, a cada campeonato, dezenas de times que trocam de treinador, afim de melhorar sua campanha como se a do culpa do fracasso fosse sempre dos "professores". Em alguns casos isso é verdade, mas na maioria das vezes não.

Um exemplo disso é o treinador do Manchester United, Alex Ferguson. Claro, cliché. Mas um homem que se mantém a 26 anos no comando de um time de futebol é impressionante. Ainda mais visto do Brasil, onde o máximo que um treinador consegue chegar é 3 anos no comando de um time (o exemplo de Muricy Ramalho e o São Paulo é ideal. O treinador três vezes campeão fora demitido sem a menor explicação cabível).

Vemos no momento, na Inglaterra, uma tendência um tanto quanto "brasileira" neste quesito também. Muitas demissões. O que não é comum no país. A causa talvez seja a cultura dos donos dos clubes que, na maioria, não são ingleses.

O treinador atual do Manchester City, Roberto Mancini, está na corda bamba, e sempre, desde quando assumiu o time árabe, é questionado. As pessoas, os "especialistas", os corneteiros, pensam: "Mas é um absurdo um time que investiu tanto não conquistar sequer um título no ano". Obviamente as pessoas esquecem que formar um time não é fácil. Talvez seja ainda mais difícil se o time tiver uma injeção de "estrelas" e "egos".

Temos o exemplo do vizinho do City, o poderoso Manchester United:

O Manchester United cresceu grande na Inglaterra, teve glórias em diferentes épocas. Os Busby Babyes colocaram o clube entre os maiores do país. Mas o United teve uma década de 70 fraquíssima, sendo inclusive rebaixado à segunda divisão. Retornou e teve um início da década de 80 regular, alcançando o vice campeonato em 1980, a terceira colocação em 82 e 83 e passando as outras quatro temporadas com a 4ª colocação.

Em 1986 o clube contratou o treinador da seleção da Escócia para dirigir o time. O treinador que conseguira o épico bicampeonato escocês com o Aberdeen (algo que hoje é inimaginável). Na primeira temporada de Ferguson com o Manchester United (que em 85/86 ficara em quarto), o time ficou em 11º lugar, e os torcedores e críticos torceram o nariz.

Na temporada seguinte, 87/88, os Red Devils conseguiram a ótima segunda colocação (mas cobraram o título). Na 88/89, mais um "fracasso" e a 11ª colocação novamente. Os críticos e até mesmo os fãs defendiam a saída de Ferguson. Nos dias atuais, acredito, que o clube não seguraria o treinador.

A temporada de 89/90 foi decisiva. De dezembro a fevereiro daquela jornada, o United ficou sem vencer sete partidas do Campeonato Inglês. Ferguson balançava e, acreditem, esteve a um jogo de ser demitido. E esse jogo foi a semi final da FA Cup daquele ano, quando o United enfrentou o Nottingham Forest. O Forest era o favorito e, caso derrotado, o United demitiria Alex Ferguson.

Talves esse tenha sido o jogo mais importante da história do Manchester United. O time venceu o Forest por 2x1, e Ferguson continuou no comando da equipe. Alguém aí imagina como seria o futuro se o United perdesse o jogo e o treinador?

O título da FA Cup veio. A paz veio para Ferguson que ainda pode terminar a temporada de 90/91 apenas no 13º lugar e a seguinte em 6º.

Manter um treinador sem resultados expressivos por cinco temporadas era loucura (e isso, hoje em dia, não acontece). Mas os frutos uma hora aparecem.

De 1992 até hoje, o United NUNCA mais esteve atrás da 3ª colocação. São 5 vice campeonatos, 3 terceiro lugar, e pasmem, 11 títulos. O United deu um salto de 7 para 18 títulos, e está próximo do 19º. Aí eu pergunto. É bom ter paciência ou não? O City tem o exemplo mais próximo possível e pode fazer besteira ao demitir Mancini.

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